Escritora e roteirista
CRÔNICAS DE GAVETA E OUTROS ESCRITOS
Amores inesquecíveis
11 de agosto de 2018.
Agora mesmo eu estava correndo o dedo no Instagram e me deparei com um desses anúncios que vendem facilidades: aprenda inglês em 18 minutos, aprenda francês em 17 dias, emagreça dez quilos em duas semanas. O anúncio da vez dizia assim: COMO ESQUECER UM GRANDE AMOR.
Fiquei olhando a moça falar, mas nem acionei o som, entre perplexa e imaginativa.
Esquecer um grande amor? Mas quem poderia querer tamanho disparate? Ora, se uma das melhores coisas da vida são os amores que vivemos e as recordações que levamos deles? Sim, porque grande amor não deixa rastro de dor, só riso. Tudo o mais pode ser qualquer doença, menos grande amor. Amor, amor mesmo, amor grande, não acaba, transcende pra depois continuar vivendo na memória, onde podemos revisitá-lo vez por outra para poder amar um pouco mais. Decididamente, não quero esquecer nenhum dos meus grandes amores, nem os que vivi por anos, incluindo o que me multiplicou, nem os de cinco minutos, nem os amores de um beijo, de um olhar, de um perfume, nem o de agora. Não quero esquecer os amores invernais, que me rasgaram o peito, nem os que foram de veraneio. Sou, entre outras muitas coisas, o resultado de todos os meus amores. E eles vivem todos harmonicamente em minha alma. Brincam, dão gargalhadas, brindam, fazem troça uns com os outros e estão sempre prontos para dar as mãos ao próximo que irá chegar, cheios de conselhos que não servirão para nada, porque grande amor não segue conselho nem de irmão.
Essa moça que pretende ensinar a esquecer grande amor não entende nada de amor, muito menos de amor grande. Esquecer um amor é esquecer-se de si mesmo, lançar-se no poço da solidão e definhar no vazio existencial.
Que todos os nossos amores pulsem em nós. Os antigos e os novos. Que vivam em festa! Porque não há nada mais maravilhoso do que viver um grande amor, ou melhor, do que viver muitos grandes amores. A vida é feita disso.
Palavras Perdidas
30 de junho de 2018.
Há palavras que nos enchem a boca, como boca. Outras, provocam uma dobra na língua, como deleite. Essas são boas de soletrar. Palavras que fazem dobrar a língua são palavras sem pressa.
Há palavras que necessitam de grito ou de sussurro, como liberdade e saudade. Há outras que parecem não abarcar a essência das coisas a que dão nome, como mesa. Umas guardam outras, como amar, duas sílabas que carregam três grandezas.
Há palavras que nos definem. Algumas pessoas precisam de poucas; outras, de muitas.
Gosto de encontrar palavras novas.
Às vezes acontece de uma palavra passar correndo, sem deixar rastro. Dia desses, uma palavra me escapou. Passou por mim sem que eu perguntasse o seu significado. Não querendo interromper a conversa, coloquei-a no contexto. Achei que bastasse. Achei que poderia encontrá-la adiante para despi-la com calma. Que tolice! Palavras são fugidias como cabritos. Depois ficam a nos desafiar o pensamento, pulando cercas, tirando-nos o sono.
Minha palavra fugida está assim, sem me sair da cabeça, e eu nem lembro o nome dela. Talvez me abrisse uma janela para uma ideia nova. Talvez uma dia eu a encontre distraída, quem sabe numa conversa de livraria.
Novas palavras-presente para Vinicius
11 de março de 2018.
Há 17 anos eu nasci de novo. Junto com você, meu filho, nasceu uma mãe. Quando saí da maternidade com o meu pacotinho de pão, que era você todo embrulhadinho nos meus braços, a felicidade misturada com o medo, já sabia que minha vida não seria mais só minha. Já era sua. É ainda. Será sempre. Não há nada que eu faça nesse mundo sem pensar em você, e no seu irmão, claro! Um dia, quando você tiver seu pacotinho de pão, vai saber disso. E é uma contradição imensa, porque não ter a sua vida só para você pode parecer desesperador, mas na verdade é engrandecedor. É um aprendizado a cada dia. Acho que durante esses 17 anos renasci mãe todos os dias. Aprendendo, amando, tentando não errar demais. De tudo, nos embates que às vezes nos colocam frente a frente, eu mãe e você filho, há uma coisa que nos salva: o amor.
Te amo, Vinicius Portella, filho querido, orgulho imenso!
Desejo todos os sonhos do mundo e caminhos lindos para você. Feliz aniversário!
Mamãe.
Palavras-presente para Rafael
19 de novembro de 2017.
Nasceu de oito meses, de parto normal, por livre e espontânea vontade.
Aliás, tudo nele é assim: livre e espontâneo.
Gosta do vento na cara, do pé descalço na terra, do cheiro do mato, da chuva. Voa de bicicleta, detesta dever de casa, inventa fórmulas químicas para criar água e receitas culinárias inacreditáveis. Monta, desmonta, quebra, conserta. É um menino inventador de moda. Uma alma inquieta e um chamego sem fim.
Se eu tivesse dez filhos, nenhum seria tão parecido comigo. Que desespero!
Ontem ele fez doze anos, mas ainda tem asas nos pés.
Rafael Portella De Moraes Monteiro, meu artista, amo você até a lua, ida e volta.
Cavoucar
16 de julho de 2016.
Cavoucava. Pretérito imperfeito. Pretérito perfeito + Presente do indicativo. Cavou e continua cavando. Aí já virou gerúndio. Cavoucava é palavra profunda, carregada de intenções. Ca vou cava. Na cava cabem vinhos, seios, braços. Ideias, deleites, desvãos. É preciso cavoucar para encontrar importâncias.
Reflexões Olímpicas
20 de julho de 2016.
Sábado à tarde, fui caminhar na orla. Ipanema. Leblon. Na altura da Afrânio, entrei para ir ao banheiro do shopping. Na volta, antes de atravessar as pistas da Delfim Moreira, conheci Dona Irene, que podia muito bem se chamar tia Nastácia. Ela estava parada, olhando os carros, fragilizada pela idade, pelo peso e pela velocidade dos automóveis que sempre passam preocupados apenas com pardais. Dona Irene me olhou com seus olhos pequeninos e bastou para que eu lhe estendesse a mão para atravessá-la com amparo. Foram duas pistas que demoraram a acabar em seus passos miúdos. Dona Irene havia levado um tombo duas semanas antes. O motorista do ônibus não esperou que ela acabasse de descer e partiu. Estava ainda com marcas roxas pelo rosto. Fomos caminhando as duas pela orla. Perguntei se ela voltava do trabalho. Sim. Cobria a folga de uma das três empregadas de uma senhora distinta. A patroa tinha 70 anos. Dona Irene, 67. “Mas nem parece! Ela parece ser muito mais nova do que eu.” Contou-me que pela manhã havia ido à loteria fazer um jogo para a patroa. O jogo dava 150 reais. Ela não o fez. A patroa havia marcado números demais. Só que não. O vício do jogo independe da classe social. O sonho do dinheiro fácil também. O que muda é o valor da aposta. Perguntei para onde ela ia. “Para a Central.” Mostrei a ela os muitos parapentes que coloriam o céu sobre o mar naquela tarde ventante. Dona Irene olhou, mas o colorido dos parapentes não foi capaz de detê-la. Ela só queria chegar em casa. Deixei Dona Irene no ponto de ônibus com uma mocinha que entregava panfletos. Não sem antes me certificar de que seu ônibus parava ali. E fui, seguindo uma trilha de gaivotas no céu. Dona Irene ficou esperando o ônibus. "Eu devia ter ficado com ela", pensei depois. "E se o motorista arrancasse sem que ela estivesse devidamente acomodada?". Troquei Dona Irene por duas dúzias de parapentes e uma centena de gaivotas. Poderíamos ter conversado um pouco mais. Se o ônibus demorasse uma hora, teríamos uma hora de prosa. Mas minha urgência pequeno-burguesa fez com que eu deixasse Dona Irene e sua urgência de chegar em casa, num fim de tarde de sábado, depois de um dia de trabalho aos 67 anos. As urgências variam de acordo com a classe social. Será que vai ter Olimpíadas para a Dona Irene?
Palavras-presente para Vinicius
11 de março de 2016.
O primeiro livro que li para ele foi "A roupa nova do rei", quando ele tinha dois dias de vida, no dia em que voltamos da maternidade. Aos quatro anos, ao ler "Ah, Cambaxirra, se eu pudesse...", de Ana Maria Machado, na passagem em que o imperador diz que de todo mundo junto ele tem medo, meu pequeno leitor me veio com essa: “Mamãe, e se todo mundo mandar uma carta para o Bush, pedindo para ele não fazer mais guerra?”
Aos dez anos passou a ir ao inglês e à natação sozinho. Andava um quarteirão. Eu, atrás, escondida, no rastro de um gigante dono de seus passos. E foi por essa idade que ele descobriu que eu não sabia tudo. Ali começou a me desconstruir lentamente para dar início à construção de sua própria identidade. Hoje me dá aula de Revolução Francesa. E me contesta sempre, do contrário não seria meu filho.
Agora, completando 15 anos, é leitor de Marx e Engels (Hegel ainda não), Machado, Saramago, Carrascoza, Mia Couto, Ferreira Gullar, Clarice Lispector, Manoel de Barros e tantos, tantos outros.
Sinto-me profundamente feliz por ter formado um menino leitor, com consciência política, senso crítico, retidão.
Hoje ele é mais do pai do que meu. Os filhos precisam matar as mães para se tornarem homens de verdade. E, apesar disso e dos seus 15 anos, ele não hesita em dizer que me ama na frente de um batalhão de amigos tão adolescentes quanto ele.
As noites que passei sem dormir em seus primeiros meses de vida voltaram. Mas agora ele não chora por meu colo, embora meu colo esteja sempre ao seu alcance, incondicionalmente. Grita por liberdade. Mete-se em passeatas, palestras políticas ou literárias, festas intermináveis, praias, blocos de Carnaval, peladas pela cidade. Ah, senhora adolescência!
Quando não dá notícias, ligo vinte vezes. Se não atende, ligo para os amigos, envio WhatsApp e me desespero até ele atender ou me ligar para dizer que está vivo e que eu sou maluca. Sou maluca, meu filho. Sou maluca por você. E por você enfrento um exército inteiro. Hitler, Stalin, Bush, Chávez. Mas nem por isso deixo de incentivá-lo a enfrentar suas próprias batalhas e a fazer suas próprias escolhas e revoluções. Porque os filhos são do mundo. Mesmo que tenham saído das barrigas de suas mães.
Vinicius Portella, feliz 15 anos, meu amor.
Tsunamis e lagartas
07 de março de 2016.
Ontem, por insistência de amigas da vida inteira, fui à praia no Leme. Por morar em Ipanema, não vejo sentido em atravessar Copacabana para dar um mergulho no mar, senão pela companhia das amigas e dos filhos das amigas, que são amigos do meu filho. Todos queremos companhia, quanto mais as mais queridas. Fui voto vencido. Fomos caminhando; as crianças, de bicicleta.
Instalados na areia, no limite das pedras, pusemo-nos a conversar entre mates, biscoitos Globo, picolés. As crianças brincavam na água, embora o mar não estivesse nem para peixe, sob nossos olhares, ora atentos, ora distraídos.
Em determinado momento, uma amiga mostrou os meninos, o filho dela e o meu, ambos com dez anos, no mar fundo.
Enquanto ela alertava para o perigo, fui acompanhando, incrédula, numa fração de segundo, a correnteza levar nossos filhos para mais longe. Uma onda maior espatifaria as crianças contra as pedras. Minha amiga não chegou a acabar a frase de alerta.
De chapéu e óculos, corri em disparada para o mar e me pus a nadar em direção aos meninos, que já gritavam desesperados, embora sem nenhuma noção do perigo. No meio do caminho, fui ultrapassada por um rapaz de seus 20 anos, que foi ao encontro do meu filho, ainda mais no fundo. Não pensei duas vezes: nadei ao encontro do amigo e agarrei-o pelo braço. Olhei novamente para o meu filho, já nos braços do rapaz, que gritou: "Está comigo!". Segui puxando o amigo pela mão, mergulhando fundo com ele sob ondas cada vez maiores. De repente, atrás de mim, surgiu o pai do menino. Empurrei-o pela bunda para o colo do pai e me virei de volta para o mar. Sem criança para salvar, perdi a força. Olhei para o rapaz com meu filho nos braços, ambos já fora da correnteza, e pedi ajuda num sussurro. Não sei se leu os meus lábios ou foi apenas a minha cara de exaustão, mas ele estendeu a mão e me deu um puxão, tirando-me também da correnteza. Uma onda enorme veio e me sacudiu. Finalmente meus pés tocaram o fundo e consegui sair, junto com o rapaz e meu filho. Agradeci ao moço com a maior gratidão que já senti em toda a minha vida. Perguntei seu nome, ele não disse. Depois sumiu entre tantos meninos-morenos-sarados da praia de Copacabana, que devem salvar crianças ousadas de mães distraídas e de mar sem cabelo todos os domingos. Não o vimos mais. Minhas pernas tremiam, meu corpo já nem era meu. Não me lembro de ter sentido tamanho desespero. Mas nem mesmo um tsunami é páreo para uma mãe. Agradeço novamente ao anjo que salvou a vida do meu filho e permitiu que eu salvasse a vida do seu amigo, filho da minha amiga. Salvou a mim também. Sem esse rapaz, que se jogou na água num gesto de grandeza e solidariedade, eu não teria conseguido.
Ratifico minha postura diante do outro: o homem é bom por natureza. Aos pessimistas, apenas um lembrete: o mundo está cheio de pessoas maravilhosas.
Hoje cedo, na ginástica, senti uma coisa no ombro direito e, quando passei a mão, num gesto instintivo, deparei-me com uma lagarta, que afastei de mim num grito, pedindo ajuda ao professor.
Adoro ser mulher.
Memória
26 de julho de 2015.
Arrodear. Rio Acre. Ponte. Mercado velho. Base. Tacacá. Cocada. Quinze. Bosque. Floresta. Bribote. Saltenha. Quibe de arroz. Macaxeira. Quinari. Amendoim. Xapuri. Fazenda. Taboca. Mangueira. Castanheira. Castanha do Pará. Látex. Seringueira. Colono. Ribeirinho. Caboco. Onça pintada. Zebuíno. Garrote. Cavalo. Cheiro de pasto. Leite da vaca. Galinha caipira. Caboré. Terra. Açude. Barco. Pescaria. Caldeirada. Surubim. Tambaqui. Tucunaré. Baiacu. Piaba. Jacaré. Pirarucu. Churrasco. Murrinha. Rumo da venta. Arraial. Encontros. Amigos. Infância. Peido de velha. Capoeira. Casa. Quintal. Campinho. Varal. Lavadeira. Toró. Aguar. Baldear. Cuia. Caixa-d'água. Bica. Poço. Sesta. Rede. Carão. Bandalheira. Arredar. Mangar. Morcego. Urubu. Mucura. Gavião. Caranguejeira. Caruru. Vatapá. Mungunzá. Madrinha. Padrinho. Seresta. Bolero. Bujari. Pato no tucupi. Pirarucu. Açaí. Pitanga. Carambola. Maracujá
Caju. Cupuaçu. Graviola. Cajá. Jambo. Jasmim. Patchouli. Vó. Alfazema. Lavanda. Rapadura. Alfinim. Pepeta. Friagem. Ipê. Papoula. Prima. Primo. Esculhambação. Fuleragem. Besta. Abestado. Formiga. Grilo. Cigarra. Caba. Carapanã. Vagalume. Sanhaçu. Rolinha. Curica. Maninha. Rapaz. Escangalhado. Céu estrelado. Cruzeiro do Sul. Farinha. Farofa. Banana frita. Bom que só. Brasiléia. Tucumã. Tarauacá. Tabule. Charuto. Rabada. Sibite. Cambito. Catita. Marmota. Maceta. Caçamba. Presepada. Barriga no pé da goela. Barro vermelho. Larva migrans. Peleja. Égua. Eita! Vixe! Valei-me!
O Acre me (re)constitui.
Retorno
17 de julho de 2015.
No Santos Dumont, aguardando o voo que me levará à minha Macondo. São três mil quilômetros em linha reta e 26 anos tortos de distância.
Lembranças de uma coragem
01 de abril de 2014.
Cheguei ontem de Bolonha, viagem inesquecível. Cruzar o Atlântico é sempre uma aventura. Quem me conhece desde sempre sabe o que isso representa para mim. Viajar sem os filhos por 10 dias para outro continente! Eu que sou uma mãe absolutamente apaixonada. Parei de trabalhar quando os filhos nasceram. Depois larguei a advocacia, por mim e por eles, e organizei minha vida e meu tempo para me fazer presente. Ensinei a ler, a andar de bicicleta, a gostar de Chico Buarque, de Vinicius de Moraes... Rolo no chão, pulo na cama, pego onda, faço brigadeiro, pipoca, dancinhas e palhaçadas, e também ensino a fazer besteira, como, por exemplo, matar aula para ir à praia - é preciso ensinar a transgredir.
Foi a primeira vez que viajei para o exterior sem eles. Depois dos filhos perdi o direito de morrer. Tenho medo de faltar para eles como meu pai me faltou: tomou um avião para o Recife e não voltou nunca mais, morreu na viagem... Eu tinha 15 anos e ele rolava no chão comigo e me ensinou a pular onda...Foi o único Deus que conheci, escrevi na época. Meu medo de avião é o medo de não voltar mais para os meus filhos, simples assim.
Mas escrevi também aos 15: a coragem se faz do medo e por isso deve resistir.
Minha coragem venceu, meus medos não me paralisam. Cruzei o Atlântico sozinha, deixando os meus passarinhos sem as minhas asas. E a surpresa ao voltar foi perceber que as asas deles também cresceram. Os filhos são do mundo. A distância amplia a perspectiva. Crescemos todos. E foram tantos beijos e tantos abraços desses dois pedaços de mim, que vou viajar mais só para ter o prazer da volta.
Aqui vai um texto escrito no aeroporto, antes se embarcar para Bolonha. Já serve para as outras tantas viagens que farei. Tomei gosto!
No Galeão, aguardando o vôo que me levará para um lugar que fica a muitas horas do meu chão.
Morro de medo de avião. É cafona, é brega, mas não adianta que nunca vou entender como um troço tão grande e pesado, abarrotado de pessoas e de malas, pode voar. Minha vontade de controlar tudo não se conforma em ter que colocar minha vida nas mãos de um piloto e de uma geringonça dessas. E como disse Quintana, não se pode parar no acostamento para comprar laranjas.
De maneira que resolvi escrever algumas linhas, para o caso de acontecer alguma coisa... Sei lá! Não vai acontecer porque sou uma ateia que tem fé. Afinal, a vida inteira estudando em escola católica serviu para alguma coisa... E o calmante ajuda, há de fazer efeito.
De todo modo, se a fé falhar e não servir para nada, sei que vou para o céu, certeza! Amei cada folha de árvore ao meu redor e cada ser humano que cruzou o meu caminho, e fiz muita coisa boa nessa vida, porque amo a vida e as pessoas. Mas, voltando ao céu, chegando lá vou pedir pelo amor de Deus que Ele me mande pro inferno. Não careço de sossego, nasci para arder. A alma é pura e o coração é de criança, mas é tão vagabundo! Sempre quis guardar o mundo em mim.
Aqui na terra peço aos amigos, por favor: quando eu morrer não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, muita flauta, violão e cavaquinho!
Aos meus filhos amados, Vinicius Portella e Rafael Portella, um beijo do tamanho do universo! Amo vocês mais do que tudo nesse mundo e sei também o quanto vocês me amam. Vivam, achem graça e façam piada, mesmo nos momentos mais difíceis. A vida deve ser leve. Deve ser celebrada sempre!
Arrivederci!
Quando chegar, aviso que estou sã e salva!